quinta-feira, 31 de março de 2011

Trilhando os caminhos de Morro Reuter


No sábado, eu, o meu marido e o meu filho fomos a uma caminhada, em Morro Reuter. A caminhada estava prestes a ser cancelada, devido a previsão de chuva, mas o tempo pareceu dar uma melhorada (só para nos enganar) e ela foi confirmada. Quando começamos a caminhar, lá pelas 8h30min da manhã, estava tudo muito bom. O dia estava nublado e quem costuma caminhar sabe que é melhor um dia assim, do que dia quente e ensolarado, para caminhar. O percurso inicial da caminhada foi tranquilo, com poucas subidas, teve mais descidas. Nós caminhávamos rapidamente e apreciávamos as belezas naturais da região. Passados alguns quilômetros, começou a chuviscar. Um chuvisco fino, até agradável e refrescante. Até aí, tudo fácil, tudo beleza! Chegamos no meio do trajeto (a caminhada era de 12 Km), o tempo começou a assustar e nós pressentimos que viria chuva grossa pela frente. Saímos de Morro Reuter, demos uma passada no Vale Direito, na cidade de Dois Irmãos, e aí, desabou o mundo! A chuva começou a cair com toda força possível. Caminhamos mais alguns quilômetros. Voltamos para Morro Reuter. As coisas foram ficando mais difíceis. Imagine caminhar com roupa e tênis molhados. O peso desses apetrechos aumenta consideravelmente. Mas mesmo assim, ainda estava tudo sob controle. Lembra que eu falei que a gente, basicamente, só estava descendo? Pois é, passados mais da metade do percurso, começamos a subir morro, sem parar. Aí, apareceu um vento e a dificuldade foi aumentando. Eu já estava me arrastando, quando passou por mim duas senhoras idosas. Eu olhei para o meu marido, ele olhou para mim e nós comentamos: - Esses idosos, aqui da região, estão melhores do que a gente. Eu vejo isso, também, quando presencio uma apresentação dos Clubes de Idosos da minha cidade. Os idosos dançam, cantam, dão um show de vitalidade. Eu vou ter que malhar muito para poder entrar na terceira idade no nível deles. Mas voltando ao assunto da  caminhada, continuei seguindo o trajeto. Naquele momento, com passos mais lentos, com chuva na cabeça e vento na cara. E então, eu tive aquele pensamento recorrente que eu penso nos momentos de maior dificuldade, nas caminhadas em que eu participo: O que é que eu estou fazendo aqui? Poderia estar no conforto da minha casa, no meu sofá, mexendo no meu computador, mas não, estou aqui me esfalfando nessa caminhada. E continuei caminhando, olhando a paisagem, a chuva...Quando vi, passou outro idoso por mim (Sem comentários!). Mas ainda bem que já estava no final do percurso. Missão cumprida! Fomos levados até o local onde seria servido o almoço. Na entrada, nos recepcionando, estava uma bandinha que tocava musica alemã. Todos foram entrando no local, servindo o almoço e se sentando para almoçar. Todos, menos dois casais de idosos que primeiramente, ainda foram dançar (Sem comentários, de novo). Essa foi nossa primeira caminhada com chuva e vai ficar na nossa história. E mesmo com chuva, foi uma caminhada bem legal!
Parada para tirar uma foto. Neste momento, chovia muito.
Estamos em uma parada de ônibus.
Dá uma olhada nesse casal que está dançando.

E estes, não são um exemplo?
A máquina fotográfica ficou úmida e começou a tirar  foto esbranquiçada.

Complementares

O filósofo Sócrates é considerado um dos maiores filósofos do ocidente. Ele nasceu por volta de 470 a.C, em Atenas e faleceu, por volta de 399 a.C, na sua cidade natal. Sua fama e seu modo de filosofar são respeitados até hoje, no meio intelectual. Uma coisa que chama a atenção sobre a vida desse homem é que ele não escreveu nenhuma palavra sobre sua filosofia. Tudo o que se sabe sobre Sócrates deve ser creditado a literatura de Platão e Xenofonte, que em suas obras puderam demonstrar o modo de filosofar do pensador. Sócrates abordava uma pessoa ou um grupo de pessoas e lhes questionava sobre algum assunto, depois questionava a respostas recebidas até um ponto em que eles ficassem confusos, e acabassem se contradizendo. Por meio desse método, descobriu que tanto ele como as pessoas com quem falava eram basicamente ignorantes. O que diferenciava Sócrates das outras pessoas é que ele reconhecia sua ignorância. Mesmo assim, ele continuava a promover discussões sobre assuntos como virtude, justiça e outros conceitos É possível que o filosofo pensasse que existia algo intrinsecamente valioso no ato de se envolver em discussões críticas. Isso faz parecer que o foco do seu método era "o pensar sobre o assunto" e não as respostas. O filósofo pagou um alto preço por seu modo de filosofar. Ele foi condenado a morte pelas autoridades Atenienses, que se cansaram do seu questionamento sem fim. Acusam-no de "corromper a juventude" e "não acreditar nos deuses da cidade". Sócrates pediu para que sua família e seus amigos não implorassem por sua vida e bebeu cicuta, o veneno que o mataria. (Fonte: Pequeno Livro das Grande Idéias. Filosofia, do Dr Jeremy Stangroom).

Mas tem um motivo para eu ter escrito sobre a vida de Sócrates, algo que eu quero ressaltar: esse grande filósofo não escreveu nenhuma palavra sobre sua filosofia. Será que ele não sabia escrever? Será que ele não gostava de escrever? Isso não importa! O que importa é que, mesmo sem escrever, ele influênciou sua sociedade e entrou para o rol dos grandes pensadores da humanidade. Quem divulgou o trabalho de Sócrates foi Platão e Xenofonte, pessoas que conviveram com o filósofo, que se beneficiaram com seus ensinamentos, e que acreditaram que esses ensinamentos deveriam ser passados adiante, através do seus escritos. Houve, aí, uma complementariedade entre esses homens e ambos se beneficiaram. 

Tanto nas Sociedades antigas, como na atualidade, ainda é assim que acontece. Não existe o super-homem, aquele que sabe tudo, aquele que faz tudo. Existem homens que são complementares. Uns sabem escrever, outros sabem consertar coisas, outros sabem cuidar de doentes, outros sabem entreter, uns constroem coisas materiais, outros cuidam das coisas espirituais... Os homens nascem com habilidades diferentes e quem ganha com isso é a Sociedade. Vou dar um exemplo: Já pensou se só existissem escritores? Todos seriam bons em colocar suas idéias no papel. Mas quem faria o pão para as pessoas comerem? Quem construiria as casas, para as pessoas morarem? Quem iria cuidar da saúde das pessoas, quando estas estivessem doentes? Que bom que existem os escritores, mas que bom que existem os lixeiros, os agricultores, os médicos, os juízes, os policiais, as donas de casa, os filósofos, os sociólogos...Todas as funções são importantes! E o mínimo que devemos ter, em relação às habilidades dos outros, é respeito. Ninguém é superior ou inferior a ninguém. Que possamos sempre ter em mente, que somos complementares.

Frases famosas de Sócrates:

" Uma vida não examinada não merece ser vivida".

"Conhece-te a ti mesmo".

"Só sei que nada Sei".


quarta-feira, 30 de março de 2011

Inclusão Educacional

Li no Zero Hora, de domingo (27 de março), uma matéria que me chamou atenção. A matéria se referia a uma estudante da Faculdade São Judas Tadeu, chamada Bruna Trindade Antunes. O texto é de Nilson Mariano e abaixo, eu reproduzo alguns trechos da reportagem:

       Em 1990, aos sete anos, Bruna Trindade Antunes foi dispensada da primeira escola em que se matriculou, na rede particular. Encaminhada para exame médico e psicológico em uma universidade, atestaram que o seu "quociente intelectual não vai além de 67, o que configura um característico quadro de debilidade mental". Previram que demoraria para se alfabetizar. Ela aprendeu a ler e escrever na primeira série. Depois, avisaram que não iria longe nos estudos. Pois deverá se formar no curso de Pedagogia, em agosto, na Faculdades Integradas São Judas Tadeu, de Porto Alegre.

      O Laudo não abateu Bruna e seus familiares. Levada a uma escola pública, foi acolhida pela professora Maria Júlia Canibal, que não se conformou com as conclusões sobre a deficiência. Notava que a aluna apresentava dificuldades motoras, principalmente ao se locomover, mas demonstrava uma vontade ferrenha de aprender. Segundo Maria Júlia "Toda criança é capaz de aprender, desde de que se ofereça a ela um ambiente adequado e amplas oportunidades de aprendizagens".

    Aos 27 anos, Bruna está nos preparativos para se formar. Já encaminhou o trabalho de conclusão do curso de Pedagogia. O título do trabalho deverá ser: A relação família e escola no processo de inclusão educacional do aluno com deficiência física. O trabalho é baseado na sua experiência.

      O pai da formanda, o comissário de Polícia Civil aposentado José Carlos Antunes, recordou que a família sofreu com os preconceitos. Disse que foi penoso ouvir que a filha tinha retardo mental e não acompanhava os demais alunos.
                                             (Inclusão Educacional, Zero Hora, 27.03.2011, texto de Nilson Mariano)

Essa história de superação, de apoio familiar, de luta contra os preconceitos, me emociona! Sempre que sei de algum caso em que uma pessoa foi desacreditada, mas mesmo assim, não se deixou abater, se superou e foi mais longe, eu realmente fico muito feliz. Neste caso, o apoio da professora da Escola e da família foram fundamentais para que a Bruna continuasse progredindo. Vejam, então, a importância destes dois pilares sociais, na Educação de ser humano! Se a escola for boa, se ela estiver, realmente, interessada no desenvolvimento do ser humano, ela vai, consequentemente, fazer um bom trabalho e vai se capacitar para atender a qualquer aluno e ajudá-lo a progredir.  Se os pais estiverem atentos e atuantes na educação de seus filhos eles estarão sempre prontos para ajudá-los a  lidar com as dificuldades, tanto na escola quanto na sociedade. Sociedade, essa, que nem sempre é justa, e que muitas vezes, não sabe lidar com a grande diversidade de  inteligências que existem e que em vez de incluir, exclui. 


Eugênio e Sócrates

              Eu me chamo Sócrates, tenho dezesseis anos e, atualmente, moro no Bairro Assunção, na cidade de Brasilópolis. Meu melhor amigo é o Eugênio. Nós gostamos muito de jogar bola, e por isso, chamamos a garotada do bairro e montamos um time. Reuníamo-nos todos os sábados, à tarde, para jogar nosso futebol. De tempos em tempos jogávamos com os times de outros bairros. As vezes ganhávamos, as vezes perdíamos, mas não importava a vitória, o importante era que treinávamos nossas habilidades, gastávamos nossa energia e nos divertíamos um bocado.
          
          Um dia o pai do Eugênio, um rico negociante e político da cidade, resolveu fazer um campo, com toda a infra-estrutura, para que o Eugênio pudesse jogar bola. Mas fez uma exigência:

- Só deixo o seu time jogar no campo, se ele vencer todas as disputas de futebol da cidade. Para que isso ocorra, você só deve chamar para o seu time, os garotos que forem bons atacantes. Eles é que vão trazer os bons resultados para o time.

         Eugênio, fascinado com a possibilidade das vitórias e com as boas condições do campo, não pensou duas vezes e, a partir dali, cismou em só chamar para o seu time, jogadores que fossem bons atacantes. Seu pai tinha lhe pedido isso e ele, cegamente, resolveu obedecer. 
         
          Eu tentei alertá-lo para o fato de que nós não precisávamos aceitar aquela proposta. Poderíamos continuar com o time do jeito que era e que, modéstia a parte, era um time muito bom. Falei que só ter atacante no time, era algo muito restritivo e injusto com os garotos que eram nossos amigos. Que o mais importante era que a gente se complementava, na hora do jogo. Eu argumentava:

           - Eugênio, para que um time seja bom, são necessários jogadores de todas as posições. É necessário que exista o jogador que fica na defesa, o meio-campo, os laterais, o goleiro e, é claro, o atacante.

          Não adiantava, Eugênio era irredutível e exigiu a todos os jogadores que se esforçassem para serem bons atacantes, Senão ele não valorizaria e estariam fora do time. Ele falava:

- Meu pai disse que os jogadores que não são atacantes não merecem respeito, são burros. Não há lugar para eles no nosso time.
          
          Alguns desistiram e acharam que não valia a pena o esforço, outros se tornaram atacantes medíocres e desperdiçaram suas verdadeiras habilidades. Outros, ainda, criaram tanta aversão pelo Eugênio que, de tempos em tempos, apareciam no campo só para xingar a turma ou para estragar alguma coisa do lugar. O Eugênio passou a ter graves problemas com esse pessoal, que ele excluiu, e eu temia até pela sua integridade física.

          O Eugênio é o meu melhor amigo, e ele sempre foi legal comigo, mesmo assim, eu vou sair do time. Eu não me sinto bem ao ver as outras pessoas sendo menosprezadas. Para mim, todos tem algo com o que contribuir, independente de serem, ou não, bons atacantes e todos merecem uma chance de mostrar do que são capazes.

          Eu, como bom amigo que sou, vou continuar insistindo para que o Eugênio seja mais humano e aprenda a respeitar a qualidade de todos. Porque sei que, no fundo, ele não é má pessoa, ele apenas se deixou iludir pelas imposições de seu pai. Que só quer que o time vença para fazer propaganda das vitórias e usar isso na política, e não está nem aí para o time, para os outros garotos e muito menos para o Eugênio.

Espero, sinceramente, que o Eugênio caia em si e que nós possamos voltar a ser aquele time em que todos aprimoravam suas habilidades, se ajudavam e se divertiam um bocado.