quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Como começou a minha paixão pelos livros

Comecei lendo gibis. Cada vez que minha avó ia no centro receber sua aposentadoria, ela comprava um gibi. Tinha menos de seis anos, nem sabia ler. Alguém tinha que ler para mim. Depois entrei na escola, aprendi a ler. Comecei a ler os livros que tinham na estante de casa e os da escola. Ganhei de uma senhora, para quem a minha mãe trabalhava, uma enciclopédia velha. A enciclopédia foi o meu playstation, da época. Ficava horas e horas folheando as páginas. A enciclopédia trazia informações sobre quase tudo do mundo: inventores, lugares, mitologia, personalidades, religiões....O meu universo se expandiu, com aquela enciclopédia. 

Lembro que a minha família era muito humilde. Mas era humilde valendo. Mesmo assim, eles  nunca deixaram de comprar livros para mim. E comprar livros, naquela época, era um luxo que a gente não podia ter . Os vendedores de livros, que bateram na porta da minha casa, nunca perderam a viagem. Minha avó negociava, parcelava, e acabava comprando os livros. Ela também assinou a revista "Nosso Amiguinho". Revista que eu aconselho para todo pai e mãe assinar, pois tem um conteúdo instrutivo. Coisa que falta nas revistas para crianças, cujas matérias são cheias de propagandas e incentivo ao consumismo. Eu também assino a revista "Nosso Amiguinho" para os meus filhos. E acredito que os meus filhos vão assinar para os seus.

O que fez eu me lembrar disso tudo, foram os livros que encontrei, arrumando o armário. Uma coleção chamada "Poetas e Escritores Românticos do Brasil" da Novo Brasil Editora Brasileira Ltda. Li muitas vezes os livros dessa coleção. Cada poema, cada texto, de uma qualidade impressionante! Mas o que se poderia esperar de uma coleção que tem como conteúdo, os escritos de Castro Alves, Gonçalves Dias, Laurindo Rabelo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Gonçalves de Magalhães, Porto Alegre, Junqueira Freire, Álvares de Azevedo e Machado de Assis? 

Em época de internet, eu temo que as pessoas deixem de procurar os livros. Mas eu diria para elas que continuem procurando os livros, pois eles são uma das melhores coisas que o homem inventou. Podem ser lidos a qualquer hora, em qualquer lugar, não é necessário ligar em nada. E eles podem mudar  uma vida. Basta se achar o livro certo. E eu, estou sempre procurando o livro certo. O livro que vai fazer com que eu seja uma pessoa melhor, mais culta e mais preparada para a vida. Ou, simplesmente, um livro que vai exercitar a minha imaginação, fazendo  com que eu ria, chore, fique com medo, e tantas outras emoções. 

Tem uma frase que eu sempre penso e que me incentiva a comprar livros: "Uma casa sem livros é como um corpo sem alma". Meu Deus! Um corpo sem alma é um corpo morto. Imagine, uma casa sem livros! 

Fico horrorizada quando uma pessoa diz que não gosta de ler. Pode até dizer que não gosta de estudar, eu entendo. Pode ser que não tenha se adaptado à educação que é imposta nas Escolas. Mas não gostar de ler, é o fim. Porque qualquer um pode escolher o tipo de livro que mais gosta. O sucesso na escolha do livro é escolher o que contenha um assunto de que você goste. Se você gosta de futebol, escolha um livro que fale sobre futebol, se gosta de culinária, escolha um que contenha esse assunto, se gosta de filosofia, procure livro desse tipo. Com certeza, a leitura vai ser prazerosa! 

Uma das poesias da coleção Poetas e Escritores Românticos do Brasil:

Amor Perfeito

Secou-se a rosa...era rosa;
Flor tão fraca e melindrosa,
Muito não pode durar.
Exposta a tantos calores,
Embora fosse de amores,
Cedo devia secar.

Porém tu, amor perfeito,
Tu, nascido, tu afeito
Aos incêndios que o amor tem,
Tu que abrasas, Tu que inflamas,
Tu que vegetas nas chamas,
Por que secaste também?!

Ah! Bem sei. De acesas fráguas
As chamas são tuas águas,
O fogo é a água de amor.
Como as rosas se murcharam,
Porque as águas lhes falharam,
Sem fogo murchaste, flor.

É assim, que bem florente
Eras, quando o fogo ardente
De uns olhos que raio são,
Em breve, mas doce prazo,
Te orvalhou naquele vaso
Que, já foi meu coração.

Secaste, porque esse pranto
Que chorei, que choro há tanto,
De todo o fogo apagou.
Triste, sem fogo, sem frágua
Secaste, como sem água,
A triste rosa secou.

Que olhos foram aqueles!
Quando mais eu fiava deles
Meu presente e meu porvir,
Faziam cruéis ensaios
Para matar-me. Eram raios,
Tinham por fim destruir.

Destruíram-me: contudo
Perdôo a pesar agudo,
Perdôo a pungente dor
Que sofri nos seus tormentos,
Pelos felizes momentos
Que me deram nesta flor.

Ai! querido amor perfeito!
Como vivi satisfeito,
Quando te vi florescer!
Aí! não houve criatura
No prazer e na ventura
Que me pudesse exceder

Aí! seca flor, de bom grado,
Se tanto pedisse a fado,
Quisera sacrificar
Liberdade e pensamento,
Sangue, vida, movimento,
Luz, olfato, sons e ar.

Só para ver-te florente, 
Como quando o fogo ardente, 
De uns olhos que raios são,
Em breve, mas doce prazo,
Te orvalhou naquele vaso
Que já foi meu coração.

LAURINDO RABELO